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segunda-feira, 24 de abril de 2006

85 anos de música

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"A chuva está caindo
Mas o samba não pode parar
não! não! não pode parar
não! não! não pode parar
Esta chuva miúda para o sambista é uma coisa a toa
chuva miúda no samba, malandro, é garoa..."


Um dos maiores motores e bastião do samba. Representante imortal, com a vantagem de ainda estar viva, do samba carioca. Yvonne Lara da Costa nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 13 de Abril de 1921. O pai, João da Silva Lara, era mecânico de bicicletas, além de violonista e componente do Bloco dos Africanos. D. Emerentina, a mãe, era pastora do Rancho Flor do Abacate. Aos seis anos de idade, ficou órfã de pai e mãe, sendo internada por parentes no Colégio Orsina da Fonseca, no bairro da Tijuca (bairro de origem, orgulhasamente, dos autores deste blog), Zona Norte do Rio de Janeiro, onde permaneceu até os 17 anos.

Admirada por suas professoras de música no colégio, Lucília Villa-Lobos, esposa do maestro Villa-Lobos e Zaíra Oliveira, primeira esposa de Donga, foi indicada para o Orfeão dos Apinacás, da Rádio Tupi, cujo regente era Heitor Villa-Lobos. Estudou música com Lucília e cantou sob a regência do maestro.

Saindo da escola, foi morar na casa de seu tio Dionísio Bento da Silva, que tocava violão de sete cordas e fazia parte de grupo de chorões que reunia Pixinguinha e Donga, entre outros. Com o tio, aprendeu a tocar cavaquinho. Seu primo, Mestre Fuleiro, também foi um dos fundadores da Império Serrano (que nasceu a partir de uma dissidência da antiga escola de samba Preazer da Serrinha) em 1947, ano em que Dona Ivone Lara mudou-se para Madureira e começou a freqüentar a Escola de Samba Prazer da Serrinha, mesma época em que começou a compor sambas para esta escola.



Casou-se, aos 25 anos, com Oscar Costa, filho de Alfredo Costa, presidente da Escola de Samba Prazer da Serrinha. Nesta época, passou a freqüentar a Escola, onde aprimorou seus dotes de sambista e conheceu os amigos Aniceto, Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira, que mais tarde seriam seus parceiros em algumas composições. Com a fundação do Império Serrano, em 1947, passou a desfilar pela verde e branco de Madureira.

Na Império Serrano compôs alguns sambas-enredos, como "Não Me Perguntes" (com Fuleiro) e o clássico "Os Cinco Bailes da Corte ou Os Cinco Bailes da História do Rio" (com Silas de Oliveira e Bacalhau). Participou das rodas de samba do Teatro Opinião nos anos 60, vindo a gravar o primeiro disco apenas em 1978, quando se aposentou do ofício de enfermeira (trabalhou com Nise de Silveira no tratamento de doentes mentais). Nesse mesmo ano foi gravado por Gal Costa e Maria Bethânia seu maior sucesso, "Sonho Meu", em parceria com Délcio Carvalho. A música foi premiada como a melhor do ano de 1978. Motivo pelo qual foi convidada a gravar seu primeiro LP em 1979 pela Odeon, "Samba, Minha Verdade, Minha Raíz" e, no ano seguinte, "Sorriso e Criança".


Outros intérpretes que tiveram êxito com composições da sambista foram Clara Nunes e Roberto Ribeiro ("Alvorecer"), o trio Maria Bethânia, Ceatano Veloso e Gilberto Gil ("Alguém Me Avisou"), Paulinho da Viola ("Mas Quem Disse que Eu Te Esqueço", com Hermínio Bello de Carvalho) e Beth Carvalho ("Força da Imaginação", com Caetano Veloso). Gravou até o ano 2000, somente estes cinco LPs e um CD, "Bodas de Ouro", com diversas participações.

Seu repertório é composto na maioria de sambas românticos, dolentes ou de inspiração em suas raízes africanas. Dona Ivone é madrinha da ala dos compositores da Império Serrano e desfila todo ano na ala das baianas.

Feliz aniversário e Benção!


Fontes:
Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
Yahoo Música
Wikipedia

terça-feira, 18 de abril de 2006

12-bar em 2/4

Depois que eu me chamar saudade

Não preciso de vaidade

Quero preces, e nada mais

I don't care where you bury my body

When I'm dead and gone


Já faz algum tempo que vez ou outra me pego refletindo sobre a semelhança (e as diferenças - enfim, a relação) entre o blues e o samba. Acho que é uma analogia mais ou menos óbvia, partindo-se do princípio que, normalmente, o leigo, ao pensar em música brasileira, pensa em samba, e, ao pensar em música americana, pensa em jazz/blues (coisa que o leigo brasileiro não sabe diferenciar - nem faz idéia, na verdade, como pude comprovar nas primeiras sinopses do filme Black Snake Moan, que, se for pra frente, vai ganhar um post aqui).


Entretanto, o que eu proponho é uma apreciação um pouco mais detalhada dessa relação. Para tanto, é necessário compreender alguns aspectos destes estilos e dos contextos nos quais eles se desenvolveram (e continuam se desenvolvendo). Vale lembrar que este post não pretende esgotar o assunto, de maneira alguma, servindo, talvez, como base para introduzir uma reflexão, de maneira a demonstrar as paridades existentes entre estes dois estilos, que, por sinal, são por demais apreciados pelos dois colaboradores deste blog.

O primeiro ponto que naturalmente salta aos olhos é o fato de que ambos os estilos são música negra. Isto significa, é música feita, principalmente, pelos negros descendentes dos escravos trazidos da África para a América. Isto é verdade, em grande parte.

O samba, conforme pudemos notar no post do Renato abaixo deste, origina-se em estilos trazidos da África, mesclados, em certa medida, à música "branca" que encontraram no Brasil.

O blues, por sua vez, vem dos hollers, os cantos entoados nas plantations do delta do Mississipi pelos escravos. Estes cantos têm suas raízes fincadas na África, como podemos notar, por exemplo, no fato de utilizarem a escala pentatônica (das sete notas musicais, apenas cinco são usadas), com a "distorção" que é a blue note (ao passo que a música "careta", "branca", usa a escala convencional, de maneira predominante). Ao chegar à América, estes elementos se juntam, por exemplo, a instrumentos que têm sua origem na Europa e na sociedade "branca", como o violão e a gaita.

Podemos verificar, também, logo neste princípio dos dois estilos (praticamente contemporâneos, por sinal), uma diferença fundamental: o samba tem sua gênese no âmbito urbano, e vai se distanciando um pouco do centro da cidade, na medida em que sobe o morro, no início do século XX. No entanto, ele nunca deixa de ser um estilo de música urbano. O blues, em contrapartida, se origina nas plantações, é música que tem seu nascimento no âmbito rural, para depois, sim, chegar à cidade.
Podemos, também, pensar de uma maneira mais geral, de uma perspectiva contemporânea, como quem observa a penetração destes dois estilos na formação musical de seus países. O samba é identificado, de certa maneira, como "o" estilo de música brasileira, embora isso não possa ser generalizado dessa maneira. A colonização brasileira se deu de maneira "ganglionar", como se costuma dizer: pequenas ilhas que se conectavam somente com o exterior, com a metrópole portuguesa. Dessa forma, existem vários "Brasis", e a diversidade cultural que temos é gritante. Entretanto, a penetração do samba é superior à das demais músicas regionais, por razões que, honestamente, me fogem, sobre as quais posso apenas especular. E é neste campo de especulação que acredito que o samba foi favorecido por ser originado no Rio de Janeiro. Desta forma, quando os meios de comunicação (rádio, e, posteriormente, a TV) se expandiram no Brasil, a música difundida por eles era, principalmente, de música fortemente influenciada pelo samba (a "MPB", tropicália, Bossa Nova, etc.). Agora deixe-me falar um pouco sobre a influência do samba sobre estes estilos que ajudaram a "popularizá-lo" como "o" estilo de música brasileira.
O samba é música com pulsação em straight, em 2/4, com batida que é notada em quase tudo que é tido como "música brasileira", especialmente em um certo período (excetuando-se coisas muito específicas, como o rock nacional, ou o funk - falo de Tim Maia, não de Deise Tigrona). A batida (de violão) da bossa nova, por exemplo, imortalizada por João Gilberto, é uma batida de samba. A questão de ser em 2/4... Muito da chamada "MPB" dos anos 60 a 80, a própria bossa nova, muito disso é em 2/4, e usa essa batida de samba. Até os instrumentos típicos do samba (a bem da verdade, muito comuns ao choro, também) são encontrados nestas músicas posteriores.
O blues funciona de forma parecida. A batida 4/4 com pulsação em swing do blues foi a deixa para a gênese do rock n' roll, seu filho mais importante. E é público e notório que o rock é o estilo de música mais conhecido e difundido mundo afora. As pentatônicas do blues, a questão da "ambigüidade" de se usar escalas menores (pentatônica menor) em tons maiores, tudo o que o rock herdou do blues. Sem falar em coisas mais óbvias aos leigos. Os grandes baluartes da guitarra elétrica (instrumento, aliás, também, de certa maneira, herdado do blues) dos primórdios do rock n' roll foram todos fortemente influenciados pelo blues, quando não eram, eles mesmos, blueseiros, de certa maneira (Hendrix, Chuck Berry, Jimmy Page, Eric Clapton...).
A diferença aí talvez resida no fato de que o samba me parece muito mais popular no Brasil que o blues nos EUA - parte da explicação deste fato talvez resida nos desfiles de escolas de samba, enfim, na associação do samba com o carnaval. De qualquer maneira, tanto lá como cá, são estilos ainda estigmatizados, de certa maneira, por conta de suas origens negras e marginais ("marginal", com o sentido de estar à margem, não no sentido de ser criminoso, pelamordedeus).
Por fim, cabe examinar um pouco as letras. O blues trata, principalmente (em especial, em seus primórdios), de temas pesados (mas, algumas vezes, de maneira leve), como morte, separação, traição, álcool, o diabo, etc. Podemos dizer que o tema mais básico do blues é o lamento do bluesman por sua amada, que morreu (alguém falou em Death Letter?) ou foi embora. O samba também trata de temas cotidianos, embora tenda a ser mais leve. Muitos sambas, também, tratam de exaltar comunidades específicas (Feitiço da Vila, Folhas Secas, Foi um Rio que Passou em Minha Vida, dentre outros, para ficar só nos mais famosos), e alguns são até engraçados. Entretanto, é impossível não pensar no blues quando ouvimos, por exemplo, as pesadas e sombrias letras de Nelson Cavaquinho:

As rugas fizeram residência no meu rosto;
Não choro pra ninguém me ver sofrer de desgosto
Sempre só, e a vida vai seguindo assim;
Não tenho quem tem dó de mim;
Estou chegando ao fim
Mesmo Cartola, figura comumente associada à Mangueira, que é comumente associada ao carnaval, era um mestre em letras sombrias, parte importante de sua obra:

Um vazio se faz em meu peito,
E de fato eu sinto
Em meu peito um vazio;
E faltando as tuas carícias,
As noites são longas
E eu sinto mais frio
Sou um pouco suspeito pra falar, já que eu tenho uma espécie de teoria que diz que uma música bonita sempre tem, no mínimo, um certo quê de tristeza, embora não somente músicas tristes sejam bonitas. Fato é que, se essa melancolia no blues é regra, no samba não chega a ser exceção, e, se pararmos pra pensar, os núcleos humanos nos quais desenvolveram-se os estilos tinham de fato, muito a lamentar. Eram aqueles que estavam à margem da sociedade, e que, mesmo assim, tinham alegria em poder cantar seus demônios, até como uma maneira de exorcizá-los (aliás, eis aqui uma espécie de "princípio" do blues), mesmo sendo estes demônios nem sempre próprios das classes oprimidas, mas sim, coisas que afetam a alma de qualquer ser humano (a angústia da velhice, da morte, da perda da amada, etc.).
Enfim, o post já está longo o suficiente, e vago o suficiente, também, mas, como supracitado, não pretendia esgotar e nem mesmo fazer um grande desenvolvimento do assunto, apenas ressaltar alguns pontos sobre os quais já refleti e sigo refletindo, às vezes, e que acredito que valham de alguma maneira a atenção.

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Mais uma vez o campeão, mais uma vez o samba...


"O Chefe da Folia
Pelo telefone manda me avisar
Que com alegria
Não se questione para se brincar
Ai, ai, ai
É deixar mágoas pra trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás"



A Geografia do samba:

No século XIX, com o desenvolvimento da cultura do café no Sudeste, se manteria o fluxo escravagista para o Rio de Janeiro, e muitos negros viriam do Nordeste para as plantações do vale do Paraíba como para trabalhar no interior paulista. A escravatura urbana da nova capital, tão bem documentada pelo trabalho de Debret, começa a perder importância com a transferência maciça de negros vendidos para as plantações. A população negra do Rio de Janeiro só voltaria a crescer já na segunda metade do século XIX com a decadência do café no vale do Paraíba e com as chegadas sistemáticas dos baianos que vêm tentar a vida no Rio de Janeiro.

A Abolição engrossa o fluxo de baianos para o Rio de Janeiro, liberando os que se mantinham em Salvador em virtude de laços com escravos, fundando-se praticamente uma pequena diáspora baiana na capital do país, gente que terminaria por se identificar com a nova cidade onde nascem seus descendentes, e que, naqueles tempos de transição, desempenharia notável papel na reorganização do Rio de Janeiro popular, subalterno, em volta do cais e nas velhas casas do Centro.

A província do Rio de Janeiro, de 119.141 escravos em 1844, no início da década de 1870 passa a contar com mais de trezentos mil, dos quais grande parte havia chegado da África através dos portos do Nordeste, muitos vindos de Salvador...

Ou seja, no Rio de Janeiro, então capital federal, a abolição da escravatura e o posterior declínio do café acabaram liberando grande leva de trabalhadores braçais em direção à Corte; Contudo, a volta dos soldados em campanha na Guerra de Canudos também elevou o número de trabalhadores na capital federal. Muitos desses soldados trouxeram consigo as mulheres baianas, com as quais haviam se casado.

Essa comunidade baiana - formada por negros e mestiços em sua maioria - fixou residência em bairros próximos à zona portuária (Saúde, Cidade Nova, Morro da Providência), onde havia justamente a demanda do trabalho braçal e por conseqüência, a possibilidade de emprego. Não demorou muito para que no quintal dessas casas as festas, as danças e as tradições musicais fossem retomadas, incentivadas sobretudo pelas mulheres.



O Gênero da Música:

Apesar de alguns dos mais conhecidos compositores de samba serem homens, de acordo com José Ramos Tinhorão (autor de "História da Música Popular Brasileira - Samba."), "mais importante do que os homens, foram essas mulheres" - quituteiras em sua maioria e versadas no ritual do candomblé - as grandes responsáveis pela manutenção dos festejos africanos cultivados naquela redondeza, onde predominavam lundus, chulas, improvisos e estribilhos. Entre essas doceiras estavam tia Amélia (mãe de Donga), tia Prisciliana (mãe de João de Baiana), tia Veridiana (mãe de Chico da Baiana), tia Mônica (mãe de Pendengo e Carmen do Xibuca) e a mais famosa de todas, tia Ciata, pois justamente de sua casa, à rua Visconde de Itaúna 117 (Cidade Nova), é que "viria a ganhar forma o samba destinado a tornar-se, quase simultaneamente um gênero de música popular do morro e da cidade".

Tia Ciata, a mais famosa, num sobrado da rua Visconde de Itaúna, nº 117, em frente ao Colégio Pedro II, possuía uma casa comercial para vender quitutes baianos e cultivar o jogo. Cedo tia Ciata reuniu uma freguesia de malandros, que faziam música, inspirados naquele ritmo que ela, e outras bahianas como ela, havia trazido à cidade grande. Entre esses malandros, estaria a nata de compositores de samba do início do século, a exemplo de Donga, Sinhô (o Rei do Samba), Pixinguinha, Hilário Jovino Ferreira, João da Baiana, China (irmão de Pixinguinha), Heitor dos Prazeres e tantos outros. Foi através dessas reuniões, onde a música e o jogo se misturavam, que foi criado o primeiro samba de autor identificado: O "Pelo Telefone".


Cozinheira, mãe de santo, animadora cultural e dona da casa onde se reuniam sambistas. Há controvérsias sobre a data de nascimento de Tia Ciata. Alguns pesquisadores afirmam que a data correta é : 23/4/1854. Tia Ciata (seu nome é encontrado também grafado como Siata, Aciata, Assiata ou Asseata) chegou ao Rio de Janeiro em 1876, aos 22 anos, indo residir inicialmente na Rua General Câmara. Em seguida, residiu na Rua da Alfândega e depois na Rua Visconde de Itaúna (próxima à Praça Onze). Tia Ciata tirava seu sustento da cozinha típica baiana. Ela vendia quitutes em seu tabuleiro entre as ruas Uruguaiana e Sete de Setembro, e também no Largo da Carioca.

Em sua sala, o baile onde se tocavam os sambas de partido entre os mais velhos, e mesmo música instrumental quando apareciam os músicos profissionais, muitos da primeira geração dos filhos dos baianos, que freqüentavam a casa. No terreiro, o samba raiado e às vezes as rodas de batuque entre os mais moços. As grandes figuras do mundo musical carioca, Pixinguinha, Donga (filho de mãe baiana), João da Baiana (idem), Heitor dos Prazeres (também filho de mãe baiana), surgem ainda crianças naquelas rodas onde aprendem as tradições musicais baianas a que depois dariam uma forma nova, carioca.

A casa da Tia Ciata se torna a capital dessa Pequena África no Rio de Janeiro. Assim, esse grupo baiano se constituía numa elite nessa comunidade popular que se desloca do Centro para suas imediações, forçada a se reestruturar a partir das grandes transformações nacionais e da reforma da cidade, referências de um grupo heterogêneo e caótico onde se preservam e se misturam essas maiorias e minorias étnicas nacionais e estrangeiras.

Assim se pronuncia José Ramos Tinhorão: "Ao contrário do que se imagina, o samba nasceu no asfalto; foi galgando os morros à medida em que as classes pobres do Rio de Janeiro foram empurradas do Centro em direção às favelas, vítimas do processo de reurbanização provocado pela invasão da classe média em seus antigos redutos.


Para Tia Ciata e sua geração de baianas-festeiras tradicionais, a festa da Penha era o momento de encontro de sua comunidade de origem com a cidade, desvendando para os ‘outros’ essa cultura que subalternamente se preservava e que era a cada momento reinventada pelo negro do Rio de Janeiro. Mas sua morte, em 1924, encerra uma época.


"Quem for bom de gosto
Mostre-se disposto
Não procure encosto
Tenha o riso posto
Faça alegre o rosto
Nada de desgosto
Ai, ai, ai
Dança o samba
Com calor, meu amor
Ai, ai, ai
Pois quem dança
Não tem dor nem calor"


Fontes:
Pequena História do Samba - Nancy Alves
Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
“Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro” (FUNARTE, 1983) de Roberto Moura

terça-feira, 11 de abril de 2006

Botafogo Campeão Carioca


Pois então, é através de opostos (como o assunto a ser tratado nesse Post e o seu respectivo título), que eu pretendo ressaltar o como o nosso assunto aqui é a música, independentemente de tudo. Mostrando, ao contrário da crença de muitos, que o Blues e o Samba não estão assim distantes e não são, portanto, opostos.

Citações próximas:

Sobre a Gênese do Blues
Mais um pouco sobre o Blues
Sobre o American Folk Blues Festivals
Sobre o músico Buddy Guy
Death Letter Blues


Sobre o Samba:

Da mesma forma que o blues e o jazz nos Estados Unidos e a salsa (derivada do mambo e da rumba) em muitos dos países caribenhos, o samba é indiscutivelmente o gênero musical que confere identidade ao Brasil.
Nascido da influência de ritmos africanos para cá transplantados, sincretizados e adaptados, foi sofrendo inúmeras modificações por contingências das mais diversas - econômicas, sociais, culturais e musicais - até chegar no ritmo que conhecemos. E a história é mais ou menos a mesma para os similares caribenho e americano.


Simbolizando primeiramente a dança para anos mais tarde se transformar em composição musical, o samba - antes denominado "semba" - foi também chamado de umbigada, batuque, dança de roda, lundu, chula, maxixe, batucada e partido alto, entre outros, muitos deles convivendo simultaneamente.

Do ritual coletivo de herança africana, aparecido principalmente na Bahia, ao gênero musical urbano, surgido no Rio de Janeiro no início do século XX, muitos foram os caminhos percorridos pelo samba, que esteve em gestação durante pelo menos meio século.

A origem provável da palavra samba esteja no desdobramento ou na evolução do vocábulo "semba", que significa umbigo em quimbundo (língua de Angola). A maioria desses autores registra primeiramente a dança, forma que teria antecedido a música.

Fonte:
Pequena História do Samba - Nancy Alves

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Lázaro, levanta-te e anda!


Após um longo e tenebroso inverno, finalmente uma atualização. Tudo bem, ainda não é um post, com informações ou coisas interessantes, mas é um sinal de que o 12-bar está vivo, mudou de endereço, layout (ok, ainda estamos tentando encontrar a melhor opção), e que um dia vai virar um blog de verdade, hehehe.