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sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Blues Fest

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Nos últimos meses (maio a outubro) , tem ocorrido o festival Itaipava Blues no Mistura Fina. O evento, patrocinado pela cervejaria, apresentará a nata do blues carioca.

Nomes consagrados nesse estilo como Big Joe Manfra, Beale Street, Maurício Sahady, Blues Power, Blues Etc., Big Gilson, Flávio Guimarães, Ivo Pessoa, The Mojo Society, Suburblues, Jefferson Gonçalves & Banda, estarão se apresentando de maio a outubro, duas vezes por mês, ou seja, quinzenalmente. “A idéia foi minha e do gaitista Jefferson Gonçalves e surgiu devido à vontade de mostrar a força do blues no Rio de Janeiro, que é um celeiro de Bluesmen e para um público altamente qualificado e exigente, com casa adequada ao estilo. O Mistura Fina foi a escolha natural”, comenta o produtor e guitarrista da The Mojo Society, Luiz Felippe Santos, mais conhecido no cenário Blues como "Felippão".

Se você não pôde ir a algum dos shows por alguma razão ou simplesmente não sabia da existência do festival, aproveite a sua última chance e marque presença, para que você possa contar aos seus amigos como você foi no dia da grande Jam Session formada por Jefferson Gonçalves (gaita), Fábio Mesquita (baixo), Miguel Archanjo (Hammond, piano), Felippão (guitarras), Big Joe Manfra (guitarras), Beto Werther (bateria) e Ivo Pessoa (vocal) reunidos no mesmo palco.


Serão ao todo, 11 artistas e 12 shows, sendo que o último show será essa grande Jam Session. “A Blues Time Records, que conta com um cast de grandes artistas do gênero e velha conhecida do mercado de blues nacional foi a opção certa, pois seus músicos formam uma irmandade do Blues. Também convidamos o Big Gilson e o Flávio Guimarães, que apesar de não serem da gravadora são legítimos representantes do Blues do Rio de Janeiro e honram muito não só a cidade mas também o estilo, pois são dois músicos talentosíssimos”, declara.

Mesmo sem ter o apoio da grande mídia o Blues por onde passa deixa seu rastro positivo. “O Blues Brasil é, depois do americano, o mais interessante do mundo, pois agrega uma série de elementos brasileiros, ricas misturas que dão o grande diferencial perante outros artistas. Isso é fato e mesmo que a grande mídia ignore o estilo, os artistas continuam a fazer sucesso por onde passam, seja em Guaramiranga (CE) ou Dallas (EUA)”, afirma.




Fonte:
Itaipava

sábado, 24 de setembro de 2005

A Canção Brasileira...

Eu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem levo a alegria
Para milhões
De corações brasileiros
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Essa história começou com uma mensagem de celular. Eu andava, desavisado e descuidado (=p), quando uma mensagem trilhou o seu caminho até o meu telefone, afirmando da maneira mais poética do mundo, ou pelo menos soou desse modo aos meus ouvidos, que de fato "Os personagens dessa opereta representam gêneros ou instrumentos musicais e narram o amor entre a canção brasileira e o samba, contra a vontade de sua mãe modinha, do sei pai lundu e do pretendente burguês, o tango".
Nada soaria mais doce aos meus ouvidos, já que a saudade de minha namorada começava a apertar, afinal de contas, o final de semana se aproximava.
Recebi esse recado e, antes mesmo de me perguntar quem o havia mandado, me fiz uma pergunta ainda mais profunda e , portanto, para você que lê este texto sem conhecer os ânimos de quem o escreve, pode achá-la carregada de ingenuidade, tolice, sonho ou até mesmo, pura e simples incapacidade de interpretar um texto. O que um expectador desavisado de minhas confidências "bloguísticas" pode ignorar é, puxa vida, o romantismo reprimido que dificilmente toma lugar e o faz, inconvenientemente, em meus momentos mais solitários. Me perguntei então: Que opereta era esta que me propunham? A Vida? Uma vida? Uma vida mais musical? É, sim, uma letra de música que meu amor me mandou ! (?)
Pois bem, eis a Opereta:

"Os personagens desta opereta representam gêneros ou instrumentos musicais e narram o amor entre a Canção Brasileira e o Samba, contra vontade de sua mãe, Modinha, seu pai Lundu, e seu pretendente burguês, o Tango.
A opereta A Canção Brasileira tem início no palácio de Modinha, uma rica e elegante senhora, casada com Lundu, mais velho que ela, e saudosista do sucesso de outrora. O casal prepara-se para receber os convidados estrangeiros que vêm conhecer a Canção Brasileira, sua filha recém-nascida. São apresentados através de números musicais o couplet francês, a Valsa Vienense e por último o Fado, visitantes esperados pelo casal. De repente, ouve-se um barulho - Flauta, o Cavaquinho e o Violão, três moradores do morro, invadem o salão para conhecer Canção. Seu humor brejeiro contrasta com a formalidade dos convidados presentes. Encantados com a beleza de Canção, e apostando que ela será mais feliz levando o que acreditam ser uma vida tipicamente brasileira, resolvem raptá-la e levá-la para o morro. É para lá também que Maxixe acaba de levar seu filho, o Samba, que será criado no meio do povo, como Canção."





Eu fui pessoalmente conferir a peça, pois a descrição me parecia texto descritivo mais atraente a passar por meus olhos em muito tempo. Vocês podem achar, por um momento, que com tanta expectativa, principalmente aquelas mal direcionadas, dificilmente coisa alguma estaria a altura. Entretanto, dentre surpresas, arrepios e emoções contidas, a peça valeu cada centavo e a inétida afirmação, de minha parte pelo menos, de valer muito mais do que eu me propus inicialmente a pagar.

Uma análise extremamente poética de nossas paixões melódicas e de nossas influências instrumentais, causou-me arrepios. É indescritível frente uma primeira análise, mas com calma conseguimos pensar em alguns adjetivos apropriados para esse espetáculo hipnotizador, e é por isso que o meu convite é para que vocês mesmos o adjetivem, pois não existiria homenagem mais lisongeira. ;o)

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ESTRÉIA: 2/9/2005, às 19h
TEMPORADA: até 23/10/05 (de quinta a domingo às 19h).
DURAÇÃO: 120 minutos
LOCAL: Teatro do Centro Cultural Correios (lotação 180 lugares): Rua Visconde de Itaboraí, 20 - Centro - Rio de Janeiro/RJ - Tel (021) 2253-1580.
INGRESSOS: 5ª e 6ª R$ 10,00 Sáb. e Dom. R$ 15,00.
Maiores de 65 anos e estudantes com carteira da UNE pagam meia-entrada.
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: Livre

Fontes:
Beatriz, a namorada (ela que mandou a msg. então tá + pra inspiração do q pra fonte, mas td bem)
UOL-Guia da Semana
CCC - Centro Cultural dos Correios

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

"Ladies and gentlemen, please welcome the 'dynamic gentleman of the blues', Mr. BB King!"

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I stepped out of Mississippi when I was ten years old
With a suit cut sharp as a razor and a heart made of gold
I had a guitar hanging just about waist high
And I'm gonna play this thing until the day I die
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Dezesseis de setembro de 1925. Itta Bena, Mississipi. Nascia aquele que viria a se tornar o mais famoso bluesman de todos os tempos.
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BB King é fantástico. São 56 anos de carreira e 80 de vida. Sua guitarra inconfundível e sua voz marcante são patrimônios do blues de qualidade inquestionável. Ele toca poucas notas. Entretanto, a "economia" do Rei não vai além do necessário para valorizar ao extremo as notas que usa, sempre no lugar certo, sempre de maneira inteligente, sempre da maneira ideal, sempre genial (o que, aliás, é uma característica do blues em geral, como estilo).

BB gosta de dizer que Lucille (sua guitarra; na verdade, várias) é um músico à parte em seus shows, e a verdade é que isto não é um exagero poético (por mais que Lucille dependa de suas mãos para soar). Se existe, no mundo, uma guitarra que, de fato, "fala", e "chora", esta é Lucille.
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BB King veio ao Brasil em 2004. O felizardo que vos escreve assistiu seu show no Rio de Janeiro, na Marina da Glória (por sinal, ao lado do outro felizardo que costuma escrever neste blog). E o mais interessante da história toda é que ambos começamos a nos interessar de verdade por BB King (e, por extensão, por blues) em meados de 2003. Logo depois, o show de 20 de março de 2004 foi anunciado. Quando soube e contei a ele, parecia mentira. Parecia encomendado. Foi mais ou menos como começar a ouvir rock ontem e hoje descobrir que em breve os Beatles ou o Led Zeppelin farão show em sua cidade. O show foi, naturalmente, fenomenal, embora eu tenha ficado com uma (talvez inevitável) sensação de que ele poderia ter durado mais. Tempos prolíficos de shows, aqueles, tendo em vista que, no dia anterior (19), fui ao Claro Hall ver o Jethro Tull de Ian Anderson.
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BB faz shows até hoje, embora seja diabético há mais de dez anos (é vegetariano, não fuma e não bebe). Ele não consegue mais passar o show todo em pé, mas entra e sai do palco andando dignamente, como um rei. Continua, entretanto, com energia para shows memoráveis, e seu bom humor é constante (além de tudo, é extremamente simpático, e fica claro que ele se diverte fazendo música).
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Não pretendo colocar aqui a biografia de BB King (pelo menos não agora), pois isto seria repetir o que tantos outros sites (alguns deles devidamente linkados abaixo para referência) fazem. Na verdade, pretendia apenas fazer uma pequena homenagem a ele, celebrando este dia tão especial. Para tanto, resolvi escrever um texto que ainda não ficou pronto, devido às atribulações de durante a semana. Vou escrevê-lo o quanto antes, e, assim que ficar pronto, posto (talvez ainda hoje). O texto não vai ser sobre ele, e nem sobre qualquer outro bluesman, apesar de ser um pouco sobre todos eles.
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Mais uma notícia importante: no último dia 13, BB King lançou um disco de duetos em comemoração a seu 80º aniversário. O disco se chama 80 (BB King and friends), e conta com nomes como Eric Clapton e Elton John. É um álbum predominantemente de blues, embora não exclusivamente (afinal, como o próprio Rei comenta na Academy Of Achievement - link abaixo, os bluesmen também ouvem outras coisas). Segue a foto da capa e a tracklist:
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1. Early In The Morning
2. Tired Of Your Jive
3. The Thrill Is Gone
4. Need Your Love So Bad
5. Ain't Nobody Home
6. Hummingbird
7. All Over Again
8. Drivin' Wheel
9. There Must Be A Better World Somewhere
10. Never Make Your Move Too Soon
11. Funny How Time Slips Away
12. Rock This House
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LINKS INTERESSANTES:
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quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Lost Blues Tapes (Um ótimo presente - parte 2)

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Track list:

DISC 1

01 Blues Everywhere - Memphis Slim
02 John Henry - Memphis Slim & Willie Dixon
03 Captain Captain - Muddy Waters
04 Catfish Blues - Muddy Waters
05 In The City - Muddy Waters
06 I Feel Like Cryin’ - Muddy Waters
07 Your Love For Me Is True - Sonny Boy Williamson
08 Don’t Misuse Me - Sonny Boy Williamson
09 I’m Gettin’ Tired - Sonny Boy Williamson
10 Going Down Slow - Otis Spann
11 Careless Love - Lonnie Johnson
12 C.C. Rider - Lonnie Johnson
13 T.B. Blues - Victoria Spivey
14 Big Roll Blues - Big Joe Williams
15 Back In The Bottom - Big Joe Williams
16 Baby Please Don´t Go - Big Joe Williams

Live recorded on October 13, 1963 in Bremen

DISC 2

01 Della Mae - John Lee Hooker
02 Hound Dog - Big Mama Thornton
03 Captain Captain - Muddy Waters*
04 I Got To Cut Out - Sonny Boy Williamson**
05 Blues Harp Shuffle - Big Walter “Shakey” Horton**
06 Strong Brain - Willie Dixon**
07 Big Leg Women - Willie Dixon**
08 You Got Me Running - Sugar Pie Desanto**
09 South Side Jump - Buddy Guy
10 If I Get Lucky - J.B. Lenoir
11 Got A Letter This Morning - Fred McDowell
12 Sail On - Roosevelt Sykes
13 Memphis Boogie - Memphis Slim*
14 Your Best Friend’s Gone - Sleepy John Estes & Hammie Nixon**
15 Farewell Baby - Doctor Ross
16 Della Mae - John Lee Hooker

Recorded on October 7, 1965 in Hamburg
* Recorded on October 13, 1963 in Bremen
** Recorded on October 9, 1964 in Hamburg


Produced by Siegfried Loch, Co-Produced by: Horst Lippman

(c) & (p) 2004 ACT Music+Vision GmbH & Co. KG

Um ótimo presente de amigo oculto

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A AFBF (American Folk Blues Festivals), fundada em 1962, é considerada uma das mais influentes do século vinte e, com certeza, teve um efeito duradouro na cena musical americana, européia e internacional como um todo. (até porque o Blues serve de fundação para a música popular do século vinte.)

A idéia, de localizar e trazer para a europa as lendas (vivas) do blues, foi do agente publicitário de jazz Joachim Ernst Berendt, no finalzinho dos anos 50. O Jazz estava começando a se tornar conhecido na europa, porém, muito pouco se escutava sobre o blues, que apesar disso tudo, havia influenciado o Rock e o Jazz.


Ficou a encargo de Horst Lippmann e seu parceiro Fritz Rau de materializar a idéia das AFBFs e trazer os melhores bluesmen Afro-americanos para as casas de show européias. Primeiro eles contactaram Willie Dixon; O influente compositor e baixista conhecia a cena músical de Chicago como ninguém, sendo capaz, assim, de colocar os idealizadores do projeto em contato com os músicos do interior do sul dos EUA.


O "American Folk Blues Festival" tomou a europa. O primeiro festival aconteceu em 1962 e, de 1962 a 1972 os maiorais do blues se apresentaram frente ao público europeu.



Dentre os fãs britânicos, econtravam-se, por exemplo: Mick Jagger, Eric Burdon, Eric Clapton e Steve Winwood. Na Inglaterra, tudo isto acarretou um explosão de blues, que resultou em bandas como os Rolling Stones e The Animals, seguidas por outras como Fleetwood Mac, Led Zeppelin e etc. A explosão britânica causou um retomada de interesse, por parte dos americanos, pelo estilo; acarretando futuramente nos EUA, em 2003, a criação do "dia do Blues".

O jovem produtor Siggi Loch participou do festival de 1962 em Hamburgo e depois produziu os álbuns relativos ao AFBF de 1963 até 1966. Além das gravações originais, toda uma gama de material não pôde ser incluída devido a limitação física de gravação nos LPs.

Quando Siggi Loch fundou seu próprio selo em 1992, ele começou a conversar com Horst Lippmann e achou em seu arquivo as fitas "masters" originais dos lendários festivais AFBF. Tudo isso levou ao lançamento em 1993 do "ACT CDs Blues Giants and the Lost Tapes". Eles o adicionaram à documentação da AFBF, incluindo os destaques os mais relevantes.

Embora o lançamento original tenha ficado indisponível por um período de tempo, agora ambos os cds estão sendo lançados como um cd duplo.

Então somos agraciados, novamente, com o privilégio de ouvir essas gravações de 1963, 1964 e 1965 com lendas como Muddy Waters, Sonny Boy Williamson, Lonnie Johnson, Big Joe Williams, John Lee Hooker, Memphis Slim e Willie Dixon. Apreciar um Muddy Waters, desacompanhado e solo, é uma experiência a ser apreciada com tanto prazer quanto o confronto virtuoso da gaitas de Sonny Boy Williamson com o elegante, cheio de vida, e descolado fraseado da guitarra de Lonnie Johnson.

É uma experiência emocionalmente intensa da mais altam ordem, apesar (ou talvez por causa) da sala de concerto; porém, os "takes" e "outtakes" alternados das gravações de estúdio criaram uma atmosfera mais íntima e concentrada. Um pequena amostra de uma experiência e de um lugar que se fazem presentes até hoje.

Fonte:
ACT-Music

terça-feira, 13 de setembro de 2005

O Blues está mais triste

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O cantor e guitarrista americano Clarence "Gatemouth" Brown morreu no sábado, na sua cidade-natal, Orange, no Texas aos 81 anos. Sofrendo de câncer de pulmão e problemas no coração, não resistiu ao receber a notícia de que havia perdido sua casa e todos os seus pertences por causa do furacão Katrina.
Até a manhã deste domingo, seu site oficial ainda exibia uma mensagem pedindo doações em dinheiro para ajudar o cantor a comprar remédios, novos instrumentos musicais e se estabelecer na cidade de Austin, Texas.

A Lenda...


Ele despontou nos anos 40, com os sucessos de blues "Oakie Dokie Stomp" e "Ain´t That Dandy", mergulhando em anos subsequentes, no entanto, em ritmos como jazz, R´n´B, country e swing, completando quase quarenta anos de carreira. Além da guitarra, ele tocava violino, bandolim, viola e bateria.



Ele ganhou, em 1982, o prêmio Grammy da categoria blues por seu álbum "Alright Again!". Ele exibe um currículo invejável, dentre fãs e parceiros de trabalho, conheceu pessoas como Eric Clapton, Ry Cooder e Frank Zappa entre outros...





-RIP-



Fontes:
Estadão
Gatemouth

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Buddy Guy





George Guy (o nome verdadeiro de Buddy Guy) nasceu na Louisiana, na cidade de Lettsworth, no dia 30 de julho de 1936. Figura hoje como um dos maiores nomes do blues, apesar de que, há bem pouco tempo, não conseguia sequer um contrato decente.

Sua guitarra entoa notas vibrantes, cheias de energia, que o tornaram uma das maiores influências dos primórdios do rock (Guy é, provavelmente, a maior influência de Jimi Hendrix, que parava o que estivesse fazendo para vê-lo tocar).

Combinado a isso, Buddy Guy é um grande showman, ajudando a difundir maneiras de se apresentar no palco que se tornaram mundialmente famosas através de Hendrix, como tocar com a boca, tocar nas costas, dentre outras peripécias. Outras peculiaridades de seus shows que valem nota são seu hábito de descer do palco e ir tocar caminhando no meio da platéia e o seu tradicional "Shit!!!", proferido quando toca algo que não o agradou.
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Entretanto, engana-se quem, ao ler estas linhas, pensa que Buddy é um malabarista de circo. Não bastasse sua impressionante habilidade em tocar guitarra, ele é, também, um grande cantor, dono de uma potente voz (o que fica claro em seu show, quando, em vários momentos, grita a plenos pulmões), praticamente inabalada pela idade (69 anos).
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Guy começou sua carreira nos anos 50, tocando com vários outros artistas. No início, enfrentou um grave problema de fortes dores estomacais, que foram diagnosticadas como uma espécie de medo excessivo de palco (o que chega a ser irônico, para quem o vê completamente senhor de si em seus shows, hoje em dia). Entretanto, na época em que ele se juntou à banda de Raful Neal, ele já havia superado este revés.
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Em 1957, ele foi para Chicago, onde tocou com nomes como Freddie King, Otis Rush, Muddy Waters, e Magic Sam, que o apresentou ao chefe da gravadora Cobra Records, Eli Toscano. Em 1958, ele gravou dois singles para este selo, "This Is The End" e "Try To Quit You Baby", produzidos por ninguém mais, ninguém menos que Willie Dixon.
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Mais tarde, Buddy começou a gravar pela lendária Chess Records, grande celeiro do blues elétrico de Chicago. Lá, ele tocou com Muddy Waters, Little Walter, Howlin' Wolf, Sonny Boy Williamson e Koko Taylor. Guy saiu da Chess em 67, passando a gravar pela Vanguard. Lá, gravou um LP ("A Man and the Blues") com o sucesso "Mary Had a Little Lamb" (cuja excelente regravação por Stevie Ray Vaughan se tornou muito famosa).
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Aquele que talvez tenha sido o maior parceiro de Buddy Guy foi o gaitista Junior Wells. Gravaram discos juntos e fizeram várias turnês nos anos 70.
Contudo, Guy não conseguia o reconhecimento devido por seu trabalho, apesar de ser extremamente respeitado e admirado por nomes como Jimi Hendrix, Stevie Ray Vaughan e Eric Clapton. Isso mudou em 1991, quando, pela Silvertone, ele lançou seu disco de maior sucesso, "Damn Right, I've Got The Blues", que, inclusive, lhe rendeu um Grammy. A este seguiram-se outros álbuns, dentre eles "Feels Like Rain" (1993), "Slippin' In" (1994), "Sweet Tea" (2001) e "Blues Singer" (2003).
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Conheci o Buddy Guy em 2002, quando ainda começava a descobrir a diversidade de estilos que a música nos oferece (e que, com a internet, fica de alcance extremamente facilitado). Conheci apenas como "a grande influência do Jimi Hendrix" (um Hendrix que eu ainda estava começando a aprender a gostar). Mesmo assim, comprei esse pensamento, e, no dia 20 de Setembro de 2002, no Claro Hall, estava eu na segunda fila, a poucos metros dele (e das caixas de som que me renderam três dias de ouvidos zumbindo), assistindo a um show que mudaria a minha maneira de entender o blues e, conseqüentemente, a música, como um todo (fui conhecendo apenas "Damn Right, I've Got The Blues" e outra música, que não me recordo agora qual era).
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Pois regozijem-se, companheiros, porque o grande mestre Buddy em breve estará de volta ao solo tupiniquim, para nos agraciar com sua arte em três shows em algumas de nossas principais capitais. Evento imperdível por qualquer um que tenha um mínimo de consideração para com os próprios ouvidos (vale cada segundo de tê-los zumbindo, depois; bem como qualquer percentagem de audição que porventura possa ser permanentemente perdida). Seguem abaixo as datas e os locais dos shows:

24/11 (quinta-feira) - Porte Alegre - Teatro SESI

25/11 (sexta-feira) - São Paulo - Credicard Hall

26/11 (sábado) - Rio de Janeiro - Claro Hall
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FONTES DE REFERÊNCIA:
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PS:
1 - Este post ainda deve sofrer algumas alterações no decorrer da semana, de modo a melhorar a biografia e os dados relatados sobre o Buddy Guy;
2 - Aguardem para sexta-feira um post especial sobre outro baluarte do blues. Fica a dica de que a data escolhida (sexta-feira, 16 de setembro) não é uma data aleatória: será uma espécie de homenagem.

sábado, 10 de setembro de 2005

Elvis has entered the building

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Posto para anunciar que finalmente descobri como adicionar um novo membro ao blog. Com isso, posso postar separadamente do Renato (antes, os posts eram feitos através de um usuário apenas, que compartilhávamos; agora, não mais).

Eu tô no blog desde o começo, mas todas as postagens foram dele. Tudo o que fiz foi ajeitar uma coisa aqui, fazer um teste ali, enfim... Agora me sinto à vontade pra postar também com a segurança de que os autores dos posts serão devidamente especificados neles. Tudo continua muito no começo, neste blog. Vamos aos poucos descobrindo como se faz esse negócio e a tendência é que melhore (assim espero). Aos poucos o assunto do blog vai ficando melhor definido, também, embora me pareça que tenhamos um assunto atual muito bem delimitado (o blues).

Nada disso, porém, é permanente. Ou não. Sei lá...

Mais um pouco sobre o Blues...

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O Blues provém de músicos sem conhecimento formal. No blues, o improviso é um elemento muito valorizado, uma das características atribuídas aos músicos talentosos é o fato de raramente interpretarem a mesma canção da mesma maneira. Modifica-se a entonação vocal em certos trechos (atribuindo mais ou menos emoção em determinada altura da música), trechos da melodia, solos e até mesmo a própria letra. Por isso, os bluesman têm uma propensão natural para criar novas canções ou remodelar as antigas. A simplicidade de algumas letras permitiam que os bluesmen pudessem expressar suas emoções enquanto
improvisavam.

Autoproclamado "Pai do Blues" W.C. Handy conta que ouviu este tipo de música pela primeira vez no Delta do Mississippi em 1903. No final da década de 20, o Blues proliferava-se através de todo o Delta e podia ser ouvido em Fish Fries e Juke Joints, sendo interpretado por nomes como Charley Patton, Son House, Willie Brown, Bo Carter, Mississippi Sheiks e Tommy Johnson. O grande nome do Delta era John Lee Hooker, famoso por Boogie Chillun, primeiramente gravado para o selo Vee Jay Records em 1948.

O início dos anos trinta tem como mais popular cantor de Blues Leroy Can, um pianista que foi acompanhado pelo guitarrista Scrapper Blackwell. Sua música tinha um forte caráter sulista e as letras eram temperadas por frustrações, refletindo o comportamento de seus ouvintes. Leroy Can foi amplamente plagiado, e seus maiores clássicos, como How Long, How Long Blues e Midnight Hour Blues foram, depois de sua morte em 1935, gravados por inúmeros cantores, até meados da década de setenta.

Nos anos quarenta, o foco de difusão do blues transferiu-se para para a região sul de Chicago. Lá surgiram grandes nomes como Elmore James, Willie Mabon, Jimmy Rogers, Sonny Boy Williamson, Otis Spann, Willie Dixon, Muddy Waters e Howlin’ Wolf. Canções extremamente fortes e representativas surgiram nessa época e lugar, como Hoochie Coochie Man, Mannish Boy, Sloppy Drunk e Don’t Start Me Talkin.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

A Gênese do Blues:

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Uma das coisas que atribui tremendo carisma ao blues é a sua história cheia de cor, assim como a história pessoal, igualmente rica, daqueles que perpetuaram esse estilo musical. O Blues tem sua gênese como uma forma de expressão cultural, através da música, de uma minoria. A minoria negra. O nome "blues" transcende a mera rotulação de um estilo de música e representa uma referência a um estado de espírito, tamanha a sua presença. Portanto, esse estilo musical pode ser encarado, também, como um reflexo dos negros americanos e seu modo de encarar a vida, temperamento, humor e etc.

O Blues começou como uma forma de arte totalmente afro-americana. As mais marcantes influências no desenvolvimento do blues foram os cantos de trabalho (praticados nos campos de algodão), bem como as marchas militares, que deram forma a métrica utilizada.

Nas tribos que habitavam as savanas da África Ocidental, antes da chegada dos europeus, havia uma espécie de bardo, o griot ou guiriot, que cantava, compunha e tocava um instrumento de corda. Essa tradição não acabou com a diápora negra para a América, ao contrário, acabou tornando-se para os escravos uma "peça de resistência" de sua herança cultural. Alguns dos elementos que contribuíram para a formação do blues foram as work songs (entoadas nos campos de trabalho escravos, como a colheita de algodão) e os field hollers ("gritos de campo" - com o fim da escravidão e do trabalho coletivo, muitos trabalhadores das lavouras desenvolveram uma forma de expressão solitária a meio caminho do grito e o canto. Consistiam em longos fraseados melódicos, improvisados sobre a escala pentatônica e com extrema liberdade rítima, sem acompanhamento instrumental. Os hollers podiam percorrer a escala de alto a baixo, desde os graves até o falsete, cada um com seu estilo próprio de "gritar", pelo qual podia ser reconhecido à distância pelos amigos e vizinhos).

Os cantos de trabalho (work songs) salientaram a importância do canto solo ou hollers, que estilisticamente estão muito próximos do Blues, mas possuíam mais liberdade de estrutura. O estilo vocal que caracteriza o Blues é uma clara influência dos hollers. Um dos mais famosos cantores de músicas de trabalho foi Huddy Ledbetter, mais conhecido como Leadbelly (que, com o aumento da populariadade do blues, passou a se dedicar a este estilo).

O bluesman era praticamente um cronista social de sua época e lugar (como os Griots africanos). Reflexo da dura realidade dos negros no século passado, as letra abordavam temas como a pobreza, a violência, desgraças (pessoais ou de grandes escalas como inundações, crises econômicas, guerras...), mas acima de tudo, falam das relações amorosas, na maior parte das vezes pelo lado negativo (traição, abandono, incompreensão, solidão...) ou sexual - algumas são francamente eróticas ou possuem duplo sentido.

Mas a expressão "O Blues" (The Blues) só se populariza com o término da Guerra Civil Americana, quando passou a ser vista como um meio de descrever o estado de espírito da população afro-americana. Costumava-se dizer que os negros cantavam este tipo de música para tentar se verem livres da tristeza (blues).

FONTES:
Sociedade Brasileira de Blues
Coleção "Para Saber Mais", Blues - Helton Ribeiro

O circo demoníaco dos Rolling Stones:

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Sai em DVD filme que traz primeiro show de Lennon sem os Beatles e as loucuras de Keith Richards e Brian Jones. No palco de Mick Jagger e companhia tem ainda Yoko, Who e Clapton !!!




RIO - O "Rolling Stones Rock'n'Roll Circus", finalmente lançado em DVD no Brasil, é uma extravagância típica da Swinging London dos anos 60, quando as idéias mais loucas eram realizadas sem se pensar em apoios ou patrocínios e sem megaesquemas. Eram tempos românticos, quando Mick Jagger podia ligar para John Lennon, Eric Clapton e Pete Townshend convidando-os a passar dois dias numa tenda de circo bebendo, conversando, filmando umas músicas, vendo uns artistas de circo mambembes, sem papo de cachês, liberações de contratos, royalties, direitos de imagem e sabe-se lá mais o quê dos dias de hoje, em que a música está cada vez mais atrelada a algum produto (quantos shows você viu no último ano que não tinham um patrocinador?).

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Um, Dois, Três e.... JÁ !

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Começamos esse blog agora e esse primeiro post é só pra testar. Tô em fase de aprendizagem, pq eu não conheço porra nenhuma de internet!

Qualquer sugestão (pra melhorar o layout e etc) só falar!


Vlw, abraços.